A investigação que apura a suposta participação de empresários na pregação de um golpe de Estado identificou a participação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no disparo de notícias falsas. As informações são da jornalista Daniela Lima, da Globonews.
No celular de Meyer Nigri, fundador da Tecnisa, a Polícia Federal encontrou uma mensagem atribuída a Bolsonaro. A corporação cita a proximidade do ex-presidente com Nigri e levanta a suspeita de que ele fosse um braço para disseminação de ataques às instituições em seus grupos.
Uma mensagem em particular é mencionada pela PF. A do contato "PR Bolsonaro 8", que seria de um dos números do ex-presidente, segundo registrado na decisão do STF. O texto encontrado no celular Nigri traz não só ataques a integrantes do Supremo, como também fake news sobre urnas, pesquisas e, por fim, a ordem: "Repasse ao máximo", destacada com caixa alta.
No texto atribuído a Bolsonaro, o ex-presidente ataca a ação do ministro Luís Roberto Barroso de defender o "processo eleitoral como algo seguro e confiável" e trata a defesa do voto eletrônico como "interferência".
Por fim, cita uma suposta fraude, nunca nem sequer lastreada em suspeitas palpáveis, e ataca um instituto de pesquisa, dizendo que ele inflava os números pró-Lula, que venceu a eleição, como se sabe.
Após a ordem para disparar a fake news e os ataques a Barroso e outros ministros do STF e do TSE não nominados, Bolsonaro recebe uma resposta de Nigri. "Já repassei para vários grupos!". Ao se despedir do agora ex-presidente, o empresário envia "abraços de Veneza".
A INVESTIGAÇÃO
A apuração começou em 2022, depois que o portal Metrópoles, parceiro do Bahia Notícias, revelou conversas pró-golpe em caso de vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em um grupo frequentado por alguns empresários renomados. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes autorizou a busca e a apreensão de aparelhos telefônicos e outros itens de oito desses investidores.
Na última segunda-feira (21), o ministro determinou que dois desses empresários permanecessem sob investigação: Meyer Nigri, e Luciano Hang, da Havan. Os outros seis alvos tiveram as acusações arquivadas.
O ministro entendeu que, embora eles tivessem consumido e compartilhado desinformação, o fizeram dentro de parâmetros abarcados pela liberdade de expressão. No caso de Nigri, a apuração continuará por mais 60 dias, pelo menos.
Bahia Notícias
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