A distinção entre moralidade e legalidade pode ser discutida a partir do uso desmedido da estratégia de calar-se em depoimentos sobre assuntos de cuja participação dos depoentes muitas vezes depende a probabilidade de verdade.
Percebe-se o exagero da proteção do indivíduo diante do clamor coletivo com as defesas de Jair Bolsonaro, da ex-primeira dama Michelle Bolsonaro, do advogado Fábio Wajngarten e do militar Marcelo Câmara. Transcendendo à dimensão política, as defesas das fontes oficiais de informação alegaram também a negação da narrativa como ação de denúncia de uma suposta impossibilidade de o Supremo Tribunal Federal julgar o caso.
A alegação é a de não ter competência o órgão principal do Poder Judiciário ao receber os desdobramentos da investigação sobre recepção de joias do tesouro brasileiro por prepostos a mando de interesses particulares. Ao ficarem calados, omitem-se da apuração personagens centrais do enredo, como o principal sujeito, na figura do ex-presidente, sua esposa, e prepostos próximos ao grupo.
O quarteto calado faz parte da relação de oito citados no inquérito das joias provenientes da família Saud, controladora da Arábia, mas a ideia era de responderem as mesmas perguntas visando verificar coincidência de versões.
A lacuna ameaça comprometer o bom andamento de investigações tidas como necessárias para obtenção da resposta mais próxima da verdade sobre questões reclamadas pela cidadania.
Após apenas uma hora para cumprir trâmites burocráticos do “Walk Over”, expressão inglesa para WO, acabou qualquer expectativa de resposta, resultando na saída do grupo sem uma vírgula para ajudar a buscar a verdade.
O ardil repete o desempenho vazio do tenente-coronel Mauro Cid, na CPI dos Atos Golpistas, tornando-se o principal “artilheiro” de triste campeonato, ao negar-se 40 vezes aos questionamentos dos parlamentares.
O absurdo revela-se de viés qualitativo, quando se analisa a recusa da fonte até mesmo de confirmar sua idade, em uma afronta aos princípios de bom convívio.
Fonte:A Tarde
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