Um piloto fora de serviço que viajava em um voo da companhia norte-americana Alaska Airlines para São Francisco no último domingo (22) — enfrenta dezenas de acusações de tentativa de homicídio, após tentar desligar os motores da aeronave em pleno voo.
O suspeito, identificado como Joseph D. Emerson – que também trabalha na Alaska Airlines – tentou interromper o fluxo de combustível para os motores da aeronave, mas uma rápida ação do capitão e do primeiro oficial da aeronave evitou que os motores parassem de funcionar completamente, disse a companhia aérea em um comunicado, acrescentando que Joseph foi contido pela tripulação do voo.
Nesse cenário, a aeronave foi forçada a desviar para a cidade norte-americana de Portland, Oregon, onde o suspeito foi levado sob custódia pela polícia. Em seguida, Emerson foi acusado em 83 ações criminais, incluindo tentativa de homicídio e ato imprudente.
As autoridades não acreditam que o incidente tenha sido um ato de terrorismo ou violência com motivação ideológica, disse Josh Campbell, uma fonte policial a par da investigação. Campbell observou que o suspeito pode enfrentar acusações adicionais em âmbito federal.
O que aconteceu segundo a companhia aérea?
Depois de decolar da cidade norte-americana de Everett, Washington, no domingo, o voo 2059 da Alaska Airlines – operado pela companhia regional Horizon Air – relatou uma “ameaça à segurança relacionada a um piloto da Alaska Airlines fora de serviço, identificado como Capitão Joseph Emerson, que estava no voo”.
Enquanto estava na cabine, Emerson tentou desligar os dois motores do Embraer 175 puxando as alavancas do extintor de incêndio, disse a companhia aérea.
“O sistema de supressão de incêndio consiste em uma alça em formato de “T” para cada motor, e quando puxada, uma válvula na asa se fecha para desligar o fluxo de combustível para o motor”, disse a Alaska Airlines em comunicado. “Depois de serem puxados, algum combustível residual permanece na linha.”
A companhia aérea disse que a rápida reação da tripulação ao reajustar ambas as alavancas ajudou a restaurar o fluxo de combustível e evitar o corte dos motores.
“Nossa tripulação respondeu sem hesitação a uma situação difícil e altamente incomum, e estamos extremamente orgulhosos e gratos por suas ações habilidosas”, afirmou a companhia aérea no mesmo comunicado.
O avião estava em altitude de cruzeiro – geralmente ocorre quando o avião atinge entre 30 mil pés e 40 mil pés no ar – quando o incidente ocorreu, disse o capitão Mike Karn, gerente de segurança de voo da American Airlines. Em seguida, a tripulação deteve o suspeito e o avião foi desviado para o Aeroporto Internacional de Portland.
“Acho que ele foi contido”, disse um dos pilotos do avião no áudio do controle de tráfego aéreo gravado pelo LiveATC.net. “Fora isso, queremos a aplicação da lei assim que pousarmos.”
Assim que o voo chegou em Portland, por volta das 18h30, o suspeito foi levado sob custódia por policiais do porto de Portland. Nenhum ferimento foi relatado no voo, disse o FBI.
Posteriormente, todos os passageiros puderam voar para São Francisco com uma nova tripulação e aeronave, disse a companhia aérea, observando que está “entrando em contato com cada um deles individualmente para discutir sua experiência e verificar seu bem-estar”.
Investigação do FBI
Emerson está detido no Centro de Detenção do Condado de Multnomah enquanto o FBI e a polícia de Portland investigam o incidente, disseram as autoridades.
O escritório de campo do FBI em Portland confirmou sua investigação em um comunicado na segunda-feira (23) e garantiu aos viajantes que “não há ameaça contínua relacionada a este incidente”.
A Administração Federal de Aviação (FAA) disse que está apoiando as autoridades locais na investigação. A FAA também confirmou que outras companhias aéreas estão a par dos detalhes preliminares do incidente e que o incidente não está relacionado com “os acontecimentos mundiais atuais”, aparentemente referindo-se à guerra no Oriente Médio entre Israel e o Hamas.
Relatos dos passageiros
Dois passageiros do voo disseram à CNN que a tripulação da companhia aérea manteve um ambiente calmo no avião durante o incidente.
Aubrey Gavello, um dos passageiros, disse que não percebeu que algo estava errado até que um comissário anunciou pelo alto-falante que o avião precisava pousar imediatamente.
“Não sabíamos onde estávamos pousando e não sabíamos o que havia de errado. Mas a comissária de bordo nos garantiu que estávamos seguros”, disse Gavello à CNN.
Mais tarde, o piloto informou aos passageiros por meio do alto-falante que tinha ocorrido uma “perturbação no cockpit”, disse Alex Wood, que estava sentado à frente no avião. Wood disse que estava usando fones de ouvido e dormiu durante o incidente.
“Eu estava perto da cabine, mas nada me acordou. O barulho não era alto o suficiente para me acordar”, disse Wood.
Cerca de cinco policiais embarcaram no avião após o pouso e escoltaram o suspeito para fora da aeronave, lembrou Gavello. Ela notou que ele estava calmo e cooperativo e tinha as mãos presas por braçadeiras.
Depois que Emerson foi retirado do avião, um comissário anunciou no alto-falante que “ele teve um colapso mental”, informou Gavello.
“Tudo foi muito bem conduzido”, disse Wood.
A dupla disse que não percebeu a gravidade da situação na segunda-feira, quando acordou com as manchetes sobre o suspeito tentando desligar os motores do avião.
“Sinceramente, estou grato por não sabermos de nada quando eles nos colocaram em um segundo avião”, disse Gavello. “Não sei se me sentiria confortável fazendo isso se estivéssemos a par do ocorrido.”
‘Foi muito chocante’, diz vizinho do suspeito
O vizinho de Emerson, Ed Yee, disse à CNN que foi “muito chocante” saber das supostas ações do suspeito.
Emerson trabalha na aviação há pelo menos duas décadas, segundo informações compartilhadas pela Alaska Airlines. Ele ingressou na companhia em 2001 como primeiro oficial da Horizon. Em 2012, Emerson deixou a Horizon e ingressou na Virgin America como piloto.
Depois que a Alaska Airlines adquiriu a Virgin America em 2016, Emerson tornou-se o primeiro oficial da Alaska e trabalhou mais de três anos para se tornar piloto da companhia aérea, de acordo com o comunicado da companhia aérea.
“Ao longo de sua carreira, Emerson completou suas certificações médicas obrigatórias da FAA de acordo com os requisitos regulatórios, e em nenhum momento suas certificações foram negadas, suspensas ou revogadas”, disse a Alaska Airlines.
Os registros da FAA mostram que Emerson possuía certificação de piloto de linha aérea com qualificação para voar no Airbus A320, Boeing 737, Canadair Regional Jet e De Havilland Dash 8. Ele não possuía certificação para voar no ERJ 175, esses registros indicam o tipo de avião em uso durante o incidente de domingo.
CNN Brasil
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