Em meio aos desafios contínuos na luta contra o câncer, o Brasil se depara com uma estimativa preocupante: espera-se que o País registre cerca de 704 mil novos casos este ano. Os dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) reforçam a urgência de medidas preventivas e de conscientização, destacadas hoje, Dia Mundial de Combate ao Câncer. Na Bahia, a estimativa é de mais de 38 mil novos casos de câncer em 2024, com quase nove mil somente na capital.

O que os números podem dizer? De acordo com o oncologista Eduardo Moraes, da Oncoclinicas, a alimentação pode ser um dos grandes vilões dos brasileiros no número de casos de câncer, além dos fatores genéticos e condições imunológicas, entre outros. “O Brasil vem passando - nos últimos 20, 30 anos - por uma mudança muito grande hábito de vida, produzindo cada vez mais uma dieta ocidental, rica em gorduras e industrializados”, avalia.

“Essa mudança do padrão vem contribuindo para o aumento do câncer, sem falar na poluição e outros aspectos também, e vem aumentando com essa industrialização e o crescimento do país”, conta Moraes.

As falas do especialista são endossadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo a entidade, produtos como salsicha, linguiça, bacon, presunto, salame, mortadela e peito de peru são exemplos de carnes processadas comprovadamente carcinogênicas. Manter hábitos alimentares saudáveis e fazer atividade física com frequência são as principais recomendações da OMS para pessoas que queiram reduzir o risco de câncer.

Reforçando esse dado, o médico aponta que o tipo de tumor maligno com maior crescimento no país nos últimos tem justamente ligação com a alimentação: o câncer de intestino. A doença pode ser rastreada e prevenida por meio da realização da colonoscopia.

“Permite uma avaliação completa do intestino grosso, possibilitando a identificação e remoção de lesões precursoras, como pólipos, que podem evoluir para câncer se não forem tratadas”, afirma o oncologista. Ele ressalta a gravidade das lesões encontradas durante o exame se não forem removidas, pois têm o potencial de se transformar em câncer ao longo de 5 a 10 anos.

Cura

Paciente que superou um câncer de intestino, André Rossi comenta as dificuldades enfrentadas: “Não é nada fácil! Você acorda, você não consegue acreditar que tudo aquilo está acontecendo, que o câncer bateu em você. Não é um diagnóstico fácil de você receber, mas eu recebi muito apoio de minha esposa, muito apoio de meus familiares, de meu pai, foi algo que realmente assim me ajudou bastante a enfrentar”.

Segundo André, o diagnóstico veio a partir da colonoscopia de rastreio e o surpreendeu, já que ele mantinha uma alimentação saudável, além de praticar esportes. “Eu não estava apresentando sintoma nenhum”, recorda. Ele alerta: “A colonoscopia não precisa que você apresente qualquer sintoma. Ela é necessária, principalmente se tiver histórico na família de câncer de intestino”.

A Tarde