O ex-policial militar Ronnie Lessa relatou durante o julgamento ter sido contratado para o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes e descreveu, em detalhes, como planejou e realizou o crime.
Em depoimento por videoconferência no julgamento, o ex-policial surpreendeu pela frieza e naturalidade ao narrar os detalhes da execução da vereadora. Lessa explicou que, no dia do crime, a intenção inicial era agir quando Marielle deixasse um evento na Lapa, mas desistiu ao lembrar da proximidade de um prédio da Polícia Civil. "Seria uma afronta ainda maior", disse o réu.
Lessa contou que perseguiram o carro de Marielle pelo Rio de Janeiro e que ao se aproximarem em um sinal vermelho, posicionaram o veículo ao lado do carro de Marielle para efetuar os disparos com uma submetralhadora MP5, de calibre nove milímetros. "O Anderson dirigia muito rápido, o Élcio quase os perdeu. Parecia uma perseguição", relatou Lessa, referindo-se a Élcio de Queiroz, seu comparsa.
Anderson não era alvo
Quando questionado pela assistência de acusação, Lessa confirmou que mirou diretamente na cabeça de Marielle ao efetuar os disparos. O ex-policial alegou que o assassinato de Anderson foi “um erro” e atribuiu a morte dele à escolha inadequada da arma. "Tentei concentrar o máximo no alvo, que era a Marielle", afirmou.
Ele alegou que, se tivesse utilizado um revólver, apenas a vereadora teria morrido. "Mas, infelizmente, aconteceu a questão do Anderson. Não era para ter acontecido".
Pedido de desculpas
Após o depoimento, Lessa expressou o desejo de fazer um pedido de desculpas às famílias das vítimas. "Eu preciso pedir perdão a essas famílias. Perdi meu pai recentemente, e já foi péssimo. Perder um filho deve ser a coisa mais triste do mundo, um marido".
Lessa encerrou o depoimento afirmando que “tirou um peso ao confessar” e espera que a Justiça seja feita, mencionando também a continuidade do caso no Supremo Tribunal Federal.
A Tarde
0 Comentários
O Diário da Chapada não se responsabiliza pelos comentários aqui expostos.